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O consumo do volumoso é parte essencial para bom desempenho dos ruminantes. Com as vacas leiteiras não é diferente: a oferta de forragem de qualidade garante um funcionamento adequado do rúmen e contribui para saúde e boa produção de leite dos animais.
Quais passos, contudo, são necessários para garantir uma forragem de qualidade para o rebanho?
Qual forragem produzir?
Antes de tudo é necessário entender que nem sempre a espécie forrageira que melhor se adapta na sua fazenda não será a mesma que melhor se adaptará a propriedade de outro produtor. Esta é uma questão multifatorial e que depende da realidade de cada fazenda. A situação prática a seguir ajudará a esclarecer isso. Considere uma fazenda produtora de leite cujo sistema de produção é a base de pasto rotacionado. Logo, a principal forragem para esta fazenda será justamente o pasto.
As características de área da propriedade também interferem diretamente. Variáveis como clima, topografia, altitude, perfil de solo, média anual de temperatura e pluviosidade fazem toda a diferença no momento de decidir qual forragem produzir.
Em regiões com boa distribuição de chuvas, por exemplo, é factível a produção de culturas mais exigentes, ao passo que em regiões com regime pluviométrico desafiador pode ser mais interessante a produção de culturas mais rústicas e tolerantes. Em ambos os cenários citados é possível viabilizar a produção forrageira com qualidade. Tudo depende de um diagnóstico situacional bem-feito, que identifique de forma criteriosa as oportunidades da fazenda. Ou seja, devemos sempre identificar o padrão de rebanho leiteiro que estamos trabalhando (exigência e produtividade, principalmente), em qual sistema de produção e em qual região juntamente às suas condições.
Como obter forragem de qualidade?
Independente da espécie forrageira produzida, um ponto é certo. Para ter qualidade de comida é necessário planejamento! Planejamento para que a forragem seja de qualidade e em quantidade adequada para o rebanho.
Qual o número de cabeças que serão alimentadas com essa forragem?
Por quanto tempo?
Qual o consumo médio diário?
Qual a demanda total de forragem?
Qual a produtividade média esperada da cultura?
Qual o tamanho da área que será necessário plantar?
Essas são algumas das principais perguntas que devem ser respondidas no momento de planejar a produção de comida para o rebanho leiteiro. Boa parte da energia de todo o planejamento deve ser direcionada a estas perguntas.
Uma conhecida frase retrata muito bem este pensamento de planejamento: “Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado.” Seja pasto ou lavoura, uma condução agronômica afiada é fundamental. Boas diretrizes se fazem necessárias para o manejo do solo, seleção de mudas/sementes, determinação da época de plantio, tratos culturais e organização da colheita. Sem isso não é possível ter muitas esperanças de elevada produtividade com uma forragem de alta qualidade ao final.
Alguns processos, é claro, são específicos da espécie forrageira que está sendo trabalhada e o seu objetivo. Se considerarmos a pastagem, um ponto a se preocupar é o manejo do pasto e do pastejo.
A área será dividida em piquetes/talhões?
Qual a capacidade de suporte da pastagem?
Qual será a taxa de lotação?
Como os animais serão manejados nos piquetes?
Qual será o período de ocupação?
Haverá alguma ação de agricultura durante o período de descanso do pasto?
Pensando agora no uso das lavouras para silagem é importante que se pense, por exemplo, no ponto de colheita dessa lavoura, no maquinário a ser utilizado, no processamento do material, na compactação e vedação do silo, no tempo de armazenamento… Enfim, são muitos os pontos de atenção.
E assim, devemos raciocinar para qualquer que seja a forragem. Seja ela pasto, lavoura, pré-secado, ou qualquer outra. O foco principal deve ser em quais medidas devem ser feitas para que a produção e a qualidade da forragem sejam otimizadas ao máximo.
Considerações
Um dos principais gargalos das fazendas leiteiras é a produção de comida, em especial a produção de forragem. A palavra-chave para contornar esse desafio é planejamento. No entanto, antes de planejar é necessário identificar qual forragem será produzida. Para isso, é preciso levar em consideração aspectos específicos do rebanho e da propriedade, conforme citado no texto. De tal maneira, associar a boas práticas agronômicas.
Somente dessa forma é que se torna possível produzir com garantia uma forragem de qualidade para o gado leiteiro. Afinal, antes de ser um bom produtor de leite, é necessário ser um bom agricultor!
Artigo publicado na revista Girolando (clique aqui para acessar). Autoria de Bruno Guimarães - médico-veterinário, técnico do Rehagro Leite