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Mais de 7 mil produtores de leite participaram nesta segunda-feira, em Belo Horizonte/MG, do movimento Minas Grita pelo Leite. Representando a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, o presidente da entidade, Domício Arruda, assinou o manifesto que pede ao governo federal a adoção de medidas para solucionar os problemas enfrentados pela pecuária leiteira. O vice-presidente Luiz Fernando Reis, o diretor Alexandre Lacerda e o gerente de Projetos Bruno de Barros, além de dezenas de associados, participaram do evento. Também estiveram presentes presidentes de sindicatos rurais, representantes de cooperativas e associações, prefeitos e vereadores de municípios do interior. Junto com eles, 80 parlamentares, entre deputados federais e estaduais e senadores, compareceram. "A Girolando vem reivindicando desde o ano passado, em conjunto com outras entidades do setor, uma solução para os problemas enfrentados pelos produtores. Vamos continuar nessa luta até que nossas reivindicações sejam ouvidas, pois essa situação está insustentável e afetando muitos produtores", diz o presidente da Girolando.
Medidas do governo estadual
Durante o movimento, o governador de Minas Gerais Romeu Zema anunciou, que o Governo do Estado vai retirar as empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação. A medida vem em sintonia com a mobilização em defesa dos produtores mineiros, promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). Essas empresas, especificamente, passam a pagar o ICMS, de 18%, no momento da comercialização dos produtos importados.
Zema explicou ainda que, hoje, esse produto importado tem chegado em quantidade cada vez maior. “E nós sabemos que os países que estão exportando para o Brasil são países que têm subsídios. E, no meu entender, é uma concorrência totalmente desleal, que deixa principalmente o pequeno e micro produtor rural sem condição de competir”.
Durante o evento ainda ocorreu o lançamento de um cronômetro que vai marcar quanto tempo até o Governo Federal dar resposta aos pleitos dos produtores de leite. O dispositivo será colocado na entrada da sede do Sistema Faemg, em Belo Horizonte.
O presidente do Sistema Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, avisou que a entidade não vai descansar enquanto não houver uma resposta para as reivindicações. “Se o governo não nos responder, iremos trazer o assunto de novo na Megaleite, aqui em Belo Horizonte, quando mais uma vez estaremos todos reunidos, produtores, entidades e parceiros do produtor de leite”, revelou.
Importações
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de leite - e Minas lidera o ranking, com 9,5 bilhões de litros (27% da produção nacional). Apesar disso, em 2023, o leite em pó foi o principal derivado lácteo importado pelo país, alcançando o volume equivalente a 2,8 bilhões de litros de leite. Esse volume é quase 96% superior ao adquirido em 2019, representando um recorde de importação em 23 anos.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), 46% das importações vieram da Argentina e 45% do Uruguai. Como integrantes do Mercosul, os dois países são isentos da Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada de países que estão fora do bloco, desestruturando a cadeia produtiva do leite.
Queda de preços
Em janeiro de 2024, o valor pago ao produtor foi de R$ 2,11 o litro, inferior ao mesmo mês de 2023, quando estava em R$ 2,51. Os números evidenciam o impacto negativo das importações nos preços pagos aos produtores mineiros. Em 2022, o preço médio do litro de leite havia sido de R$ 2,71.