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Um novo estudo está avaliando a interferência do estresse térmico na qualidade do leite de animais Girolando e é conduzido pela zootecnista e professora da Unesp, Renata Negri, que integra a equipe de Avaliação Genética do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), em conjunto com a Embrapa Gado de Leite. Confira um trecho da entrevista que a professora concedeu à revista Girolando sobre o assunto.
Para conferir a entrevista na íntegra clique aqui.
Por que decidiu avaliar o efeito do estresse térmico na qualidade do leite? Existe algum indicativo de que ela pode ser afetada?
Renata Negri - A decisão de pesquisar como os efeitos do estresse térmico afetam a qualidade do leite das vacas Girolando foi tomada por diferentes razões. Estudos mostram que o estresse térmico pode prejudicar a qualidade do leite antes de afetar a quantidade de leite produzido. Quando os animais em produção estão sob estresse térmico, há uma queda nos sólidos totais do leite, como gordura, proteína e lactose, além do aumento da contagem de células somáticas, que são indicativos diretos de uma diminuição da qualidade do produto. Ainda é possível observar alterações que afetam a qualidade nutricional e funcional do leite, bem como o aumento da incidência de acidez no leite, que é um indicativo de maior risco de degradação microbiológica. Em uma pesquisa publicada com animais da raça Holandesa, foi observado que a produção de leite é afetada significativamente quando o índice de temperatura e umidade (ITU) chega em 74, enquanto que o aumento da contagem de células somáticas já acontece a partir do ITU 71 (Negri et al., 2021). O ITU mede o desconforto térmico combinando a temperatura e a umidade. Quanto maior o ITU, mais difícil é para os animais dissiparem o calor, aumentando o estresse térmico. Outro motivo é a necessidade de entender melhor como o estresse térmico afeta a raça Girolando, analisando individualmente todas as suas composições raciais.
Qual é a base de dados para esse estudo?
Renata Negri - Os dados utilizados para esse estudo foram coletados pelo Serviço de Controle Leiteiro Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, e disponibilizados em parceria com a Embrapa Gado de leite. Estão sendo utilizados nas análises, desde 2022, os dados de produção de leite, de gordura e de proteína obtidos no dia do controle leiteiro, bem como a contagem de células somáticas. A Girolando coleta as informações de qualidade do leite desde 2008. Atualmente, o banco de dados conta com quase 100 mil registros de qualidade do leite e mais de 32 mil animais genotipados. Apesar desses números serem significativos, precisamos da colaboração dos criadores para aumentar o volume de informações para as avaliações.